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terça-feira, 13 de maio de 2008

Entrevista sobre Canalização com Paulo Stekel

Entrevista concedida a Yannik D'Elboux (Editora Corpo Mente - Curitiba, PR)



Corpo Mente: Como podemos definir canalização?
Paulo Stekel: O processo de canalização, se fizermos uma diferenciação com a mediunidade, é simplesmente a capacidade psíquica de acessar outros níveis de realidade, de consciência, que não esse comum, em que estamos acordados ou em vigília.

Corpo Mente: E como você iniciou esse trabalho de canalização?
Paulo Stekel: Começou na infância com algumas visões que eu não era capaz de avaliar completamente, e hoje, algumas também continuam intrigantes. Mas, desde criança o fato de ter visões e sonhos estranhos me levou a uma curiosidade para pesquisar. Desde a adolescência tenho interesse por coisas antigas, línguas antigas, temas orientais, viagem astral e fatos que começaram a acontecer desde criança. Quando comecei a entrar na adolescência foi um caminho natural. Então, fui fazendo uma fundamentação teórica do que me acontecia. E, a partir dessa fundamentação, desse estudo, fui desenvolvendo todo trabalho de canalização que faço atualmente.

Corpo Mente: Poderia explicar mais sobre o seu trabalho de canalização?
Paulo Stekel: O trabalho que desenvolvo é um trabalho de síntese. No campo do processo de canalização procuro privilegiar o aspecto individual e não grupal. O que quero dizer com isso? Em geral, no Brasil, a mediunidade é trabalhada em grupo, no centro espírita, por exemplo, e no grupo há um controle, uma estratégia específica, e que para algumas pessoas é limitante. E é nesse caso que entra meu trabalho. O channeling, termo inglês de onde vem essa palavra canalização, propõe a idéia de trabalho individual. São as chamadas sessões ou leituras individuais em que o canal, que corresponderia ao médium no sistema grupal, pode fazer o trabalho de leitura, que seria desde uma mensagem falada ou escrita até um trabalho de cura, podendo incluir vários processos ao mesmo tempo, como todos esses trabalhos que envolvem energização, algum tipo de passe muitas vezes, tudo isso podendo incluir a canalização. O que se pode canalizar? Vários tipos de consciência, desde que sejam consciências dentro da nossa proposta que tenham um desenvolvimento espiritual, pois o objetivo é que auxiliem no processo. A forma como se pode canalizar é bem variada, pode ser falando, escrevendo, desenhando, pintando, podem ser símbolos, música, inclusive existem várias pessoas que fazem isso no Brasil. A diferença de criar uma música como faz qualquer compositor e de alguém que canaliza é que o mote para aquilo tem um fundo espiritual e um objetivo específico, com fundamentação terapêutica; não é uma criação aleatória, é uma música sagrada de certa maneira. Então, pode-se canalizar toda expressão de linguagem, de comunicação.

Corpo Mente: E quais são as formas em que pode ocorrer a canalização?
Paulo Stekel: Existem três possibilidades de canalização: consciente, semi-consciente e inconsciente. A mais comum e preferível é a consciente: sentimos uma energia que não interfere, porém se conecta, se une à nossa consciência. Pode se manifestar de diversas formas: por uma vibração, um formigamento ou adormecimento de algumas das extremidades, por uma sensação de paz ou sonolência, sensação de flutuação, algo neste sentido. Às vezes também é como se a luminosidade do ambiente mudasse, mostrando que também pode haver uma interferência no campo da visão. E a partir daí a pessoa estando consciente começa a receber influxos, idéias e intuições e, no caso da canalização completa, pode ser um texto inteiro que ela simplesmente vai reproduzindo. E, essa reprodução não precisa ser ipsis litteris, como acontece na psicografia, ou seja, escrever como se fosse um outro ser, pode ser simplesmente a descrição do que se está recebendo. Muitas vezes posso dizer que "estou captando que tal situação é assim" e não falar ou escrever como outra pessoa. Isso depende muito do grau de profundidade e da proposta específica para aquela canalização. E isso, enquanto consciente, temos consciência plena do processo, ainda que possamos estar meio entorpecidos pelo grau do trabalho. A semi-consciente já diminui um pouco os reflexos e as causas podem ser variadas, desde captar um nível energético muito intenso, que naturalmente causa um torpor - como tomar um remédio muito forte - porém não altera o processo em si, ainda sabemos o que está acontecendo e não há nenhum risco. O mais incomum, que diria que representa menos de 5% da verdadeira canalização ou mediunidade convencional, é a inconsciente. Do ponto de vista da insconsciência, isso pode significar que estamos tendo algum tipo de ataque de alguma energia bastante inadequada e isso causa um torpor total, a pessoa apaga completamente, ou o caso oposto a esse - porém extremamente raro - que chamo de hiperconsciência e não inconsciência, quando o nível de consciência que se manifesta conosco é tão elevado, tão intenso, que esse torpor vem pela incapacidade do nosso cérebro de absorver aquela energia e continuar totalmente consciente; mas isso representa no máximo 1% de possibilidade. Então 90%, no mínimo, é consciente. Muitas pessoas que dizem que são inconscientes não são, estão conscientes do processo, algumas fazem pelo tabu da religião, porque senão as pessoas podem não acreditar no processo. A maior parte das vezes o processo é consciente. Nos estados de inconsciência os bons exemplos são os estados sonambúlicos, em que a pessoa tem que ficar deitada, alguns outros estados muito intensos, como estados xamânicos que podem levar a essa inconsciência, alguns estados proféticos, em que a pessoa entra em catalepsia e recebe algumas informações que são relatadas após esse processo. Esse fenômeno não é incomum no budismo tibetano, mas todos são processos mais raros. Trabalhar em estado consciente gera menos medo até porque a pessoa está o tempo todo consciente do processo. O que as pessoas têm medo é da perda do controle. Elas precisam perceber é que não há algo a perder.

Corpo Mente: Qual é a explicação para esse fenômeno da canalização?
Paulo Stekel: Dentro de cada ponto de vista religioso a canalização poderia ter uma explicação e essas explicações não são necessariamente coerentes entre si. Ao longo dos anos, até diante desse fato, preferi ir pela linha da transpessoal, que estuda os estados ampliados da consciência. Então, partirmos da teoria de que existem vários estados de consciência possíveis para o ser humano. O mais comum, que se tornou o estado padrão chamado estado normal, é esse estado de vigília comum. Outro estado que também temos todos os dias ou noites é o do sono, que é outro nível. Há estados mais profundos e outros estados em que acessamos outros níveis de realidade que no estado de vigília não conseguimos. Esses estados se referem a outros níveis de realidade ou outros planos de existência, onde existem, portanto, outras consciências. Quando falo em consciência me refiro a alguma coisa que tem consciência de, que sabe de sua própria existência. Prefiro usar esse termo a falar de espírito, entidade, pois estamos falando de diferentes níveis de consciência que podem ser dotados ou não de um corpo ou de energia sutil. As consciências que se contactam por canalização sabem que existem. A explicação pela teoria dos estados de consciência é a mais adequada porque não entramos em mérito doutrinário do que é canalizado; uns chamariam de espíritos, outros de caboclos, orixás, pretos-velhos, etc. Isso para nós não interessa, são nomenclaturas, conceitos, podem ser muitas das mesmas consciências com nomes diferentes, pois nós é que rotulamos. Prefiro trabalhar com canalização sem me preocupar com esses rótulos. Mas como se pode avaliar o que está acontecendo se não se dá nome aos bois? Muito simples. Se colocarmos na cabeça que o que importa é o conteúdo, a mensagem, o processo, o nome é o que menos importa, mesmo porque o nome pode não ser nenhum fator de segurança, ele não dá segurança de que se trata daquilo de que se fala. A mensagem tem que falar por si mesma. O nome é irrelevante. Às vezes, um nome é até dado por alguma consciência apenas como ponto de referência. Até porque podemos trabalhar canalizando pessoas que já se foram, seres que chamamos de anjos ou devas, espíritos da natureza, pode se canalizar o espírito elemental que rege uma árvore, um cristal, uma floresta...

Corpo Mente: Qual é o objetivo ou proposta da canalização?
Paulo Stekel: Existem pessoas que trabalham como canalizadores-doutrinadores. Eu dou ênfase ao trabalho de reequilíbrio energético. E o que quero dizer com isso? É cura? Não, esse é um termo inadequado. O objetivo é pegar a causa, que geralmente está no plano mental, e trazer para fora, ir na raiz. Quando se vai na raiz consegue-se uma desprogramação, limpando, e uma reprogramação, ou seja colocando algo positivo no lugar. Esses processos são demorados, lentos, pois seguindo a lógica de que o problema demorou muito tempo para se instalar não será de uma hora para outra que conseguiremos resolver. Alguns, claro, que respondem melhor do que outros. O que muda muito é a postura da mente da pessoa que está em desequíbrio. O principal é que, quanto mais consciência ela tem do próprio desequilíbrio e da necessidade de resolver esse processo, mais rápido é o resultado. Quanto mais ela resiste ao processo mais ela sofre até conseguir um resultado; isso vale praticamente para todas as terapias e na canalização se mantém.

Corpo Mente: Quem pode ser um canalizador ou fazer o curso de canalização?
Paulo Stekel: Qualquer pessoa em condições normais tem o potencial em maior ou menor grau de ser um canalizador. A canalização não é recomendada para pessoas com problemas mentais, já que inclui mentalização e meditação e essas pessoas não têm essa capacidade e interferem no processo.

Corpo Mente: Como é o curso de canalização?
Paulo Stekel: O curso de canalização tem teoria e prática. Ele começa com técnicas de respiração, pois percebi que a respiração é uma das técnicas mais seguras e claras para desenvolver a canalização. Inclui técnicas de mentalização e visualização, inclusive com muitas técnicas de meditação, pois tendem a acalmar a mente, e é o que se precisa para atingir o nível de canalização. Tanto para meditar quanto para canalizar a mente tem que se estar no prumo. Esse prumo é um estado que não permita ao nosso senso crítico comum complicar as coisas. Enquanto não é acalmado, amainado, a pessoa não consegue meditar nem canalizar, só quando termina o julgamento e a rotulação é que ela consegue se abrir para isso. Todas as técnicas do curso levam a essa não-rotulação, e então temos a parte prática que também inclui alguns testes, que as pessoas costumam apreciar bastante. São testes de potencial psíquico. Uso o sistema de cartas de Zener, que é bastante conhecido na Parapsicologia; são testes de telepatia, de precognição, posso testar o potencial psíquico das pessoas e definir algumas técnicas a serem feitas. E, isso geralmente traz surpresa nos cursos porque algumas pessoas que nunca tinham observado seu próprio potencial psíquico se impressionam e outras que acham que estão muito avançadas mostram resultados medíocres. As menos pretensiosas geralmente são as que apresentam maior resultado psíquico e não é por acaso. Porque o potencial psíquico é algo bastante natural para quem tem, não é tão perceptível para a pessoa, ele se incorpora na vida da pessoa como os nossos cinco sentidos, por isso é que esse fato se explica.

Corpo Mente: Após o curso todos os alunos serão canalizadores?
Paulo Stekel: O curso dá a base. É um processo que terá que ser praticado por bastante tempo. Mesmo quem já esteja canalizando precisa fazer muitos exercícios para ir se burilando. E a meditação é um dos exercícios mais importantes. Cada vez mais podemos acessar níveis de consciência mais adiantados, mais avançados. Com o curso as pessoas já podem fazer um bom trabalho, desde que não tenham medo.

Corpo Mente: Existe o risco de se captar consciências menos elevadas durante a canalização?
Paulo Stekel: Esse é o primeiro medo das pessoas. No início da parte teórica são ensinadas as técnicas para a mente ficar focada nos aspectos mais positivos. A mente atrai aquilo ao qual está focada. É como um imã, é um processo magnético. Se fizéssemos inadvertidamente as técnicas para canalizar sem esse trabalho preparatório a pessoa poderia ter alguma experiência desagradável, porém ela mesma se bloquearia, então raramente chega a ser algo perigoso - o senso de preservação faz com que a pessoa corte qualquer experiência negativa. Quem já teve a experiência em viagem astral sabe que isso acontece. Quando estamos conscientes em outro nível a nossa mente está vendo coisas do nível em que ela está naquele momento. Se ela vê coisas muito feias é porque está desarmonizada, se vê um ambiente muito bonito ou algum ser de luz é porque nossa mente está harmonizada. E pode ser algo do momento em que ela está. Toda vez que vamos trabalhar com canalização fazemos essa assepsia, limpamos a mente para evitar esses riscos. A canalização também pode levar à projeção astral, mas não é comum. A projeção é quando acontece a projeção de consciência em estado de vigília, não de sono; às vezes o canalizador consegue fazer isso. Vamos falar também sobre a canalização de coisas incompreendidas, psicografia de línguas diferentes ou de símbolos que geralmente não têm uma interpretação.

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Paulo Stekel (Porto Alegre - RS) é jornalista, escritor, estudante e professor, com formação livre em paleolingüística e línguas antigas (hebraico e aramaico bíblicos, sânscrito clássico e sânscrito védico, latim, grego koinê, grego clássico, pâli, tibetano, sumério, etc.).
Instrutor de Cabala, Meditação, Linguagem Sagrada e Hierolingüística [estudo das línguas sagradas]. Autor dos livros "Elohê Israel - Filosofia esotérica na Bíblia" (Ed. Independente - 2001), "Projeto Aurora - Retorno à linguagem da consciência" (FEEU - 2003 - esgotado), "Santo e Profano - Estudo etimológico das línguas sagradas" (Grupo Editorial Fronteira Oeste – 2006), “Curso de Cabala – com noções de Hebraico & Aramaico” (Independente, 2007), além da monografia didática "Método de Sânscrito para estudantes brasileiros - Nível Introdutório" (Ed. Independente - 2004), que se configura como o primeiro método publicado no Brasil direcionado especificamente ao português brasileiro.
Criador e proponente, juntamente com a professora Fátima Friedriczewski [Teoria da Literatura], de uma nova ciência, a Hierolingüística, cujo campo de estudo é a linguagem sagrada, as línguas sagradas [mortas ou vivas] e os resquícios de sacralidade no uso das línguas modernas.
Único pesquisador latino-americano aceito entre os atuais oito proponentes de decifração para a escrita antiga encontrada em Glozel (França), em 1924. A língua é denominada "glozélico" e o trabalho científico de Stekel está disponível em inglês no site oficial do Museu de Glozel, depositário de todas as peças arqueológicas encontradas entre 1924-1940, no endereço www.museedeglozel.com/Trad2000.htm, com o título "The Glozel's Code" [O Código de Glozel]. Stekel atualmente trabalha no processo de decifração completa e definitiva da escrita glozélica, que é mais antiga que o grego, o sânscrito e talvez mesmo o sumério.
Atualmente faz parte da equipe internacional composta de cerca de 30 pesquisadores que analisam as “Pirâmides da Bósnia” (Visoko, Bósnia), tendo como principal função analisar as inscrições muito antigas que estão ali sendo encontradas desde 2005.


Um comentário:

Unknown disse...

intereçante
gostei
qual sua religião meu amigo